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Urtigas, cardos e catacuzes – comida de escassez no alentejo

Pretende-se refletir acerca do modo como as plantas bravias, nomeadamente urtigas, cardos e catacuzes foram utilizadas na cozinha alentejana em tempos de escassez e pelos mais pobres, durante um longo período temporal.Apresentar-se-ão modos de colher, preparar e confecionar estes alimentos ditos “da pobreza” e o modo como integraram o receituário doméstico em tempos de escassez e, atualmente, enquanto elemento patrimonial e identitário de uma região.Abordar-se-á a construção da identidade e da transmissão de uma memória de grupo, social e histórica, a partir do acesso ou impedimento de consumo de determinados alimentos que, num mesmo território, dividiam as pessoas em grupos distintos. A “comida de fome” versus “comida de substância” ou de “alimento” é ainda hoje, uma marca na história das famílias e de indivíduos que, com um estatuto económico e social mais elevado que no passado, não lhe são indiferentes, ora recusando-a, ora reivindicando um saber ancestral convertido em património, que se apropria face aos “outros” (oriundos de outros lugares, que nunca souberam como preparar urtigas, cardos e catacuzes ou nunca os comeram).A metodologia adotada é de tipo qualitativo, privilegiando-se diferentes registos documentais e a informação recolhida durante trabalho de campo realizado nos concelhos de Beja, Serpa e Moura, desde 2011.

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