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Construção de narrativas sobre a comida emblemática no desenvolvimento do destino turístico

Na historia culinária dos grupos sociais, convivem, desde sempre, tendências à conservação de receitas e modos de fazer com as hibridizações culturais. A cozinha apresenta grande plasticidade, adaptando produtos locais às novidades trazidas pelos encontros culturais. Talvez por esse motivo, seja, nos tempos globalizados, um elemento central a falar da cultura dos lugares e a representa-los, reinventando-se simbolicamente a partir da criatividade das patrimonializações. No turismo, este aspecto se torna importante, na medida em que a construção da identidade do destino é um fator fundamental para o seu desenvolvimento como tal.  Deste modo, os alimentos tornam-se emblemáticos e participam de narrativas e de imaginários turísticos, tanto daqueles que organizam e divulgam a atividade, quanto dos próprios turistas. Esta comunicação pretende apresentar passos iniciais de pesquisa de campo sobre comidas emblemáticas relacionadas ao desenvolvimento do destino turístico, na Região do Douro, em Portugal. Considera-se que a região, bastante conhecida em âmbito internacional devido à produção de vinhos, possui também representativo potencial gastronômico, articulando a ideia de comida tradicional às padronizações do mercado global, representando um tipo ideal na produção simbólica de tradição e modernidade. A partir de metodologia qualitativa de base etnográfica, a pesquisa se dá concomitantemente em âmbito de uma revisão bibliográfica no campo da antropologia da alimentação e da antropologia do turismo e em pesquisa de campo, a partir de entrevistas em profundidade e observação direta com atores locais ligados às atividades alimentares e turísticas.