Manifestações de ódio contra brasileiras em Portugal
Nesta apresentação proponho uma reflexão sobre a proliferação dos discursos de ódio operacionalizados a partir da articulação de categorias de diferença (gênero, raça/etnia, classe, nacionalidade, entre outras). Ao acionar a ideia de cidadania participativa, a opinião pública é incitada a compartilhar nas redes sociais certa visão de mundo e a suspeitar de narrativas produzidas acerca das demandas por direitos. A isso se soma o cruzamento de cenários políticos e moralidades que estão na base da formulação dos discursos de ódio como uma resposta à crença de que alguém quer te destruir ou abalar teu modo de vida. Essa crença vai além da emoção individual e pode ser impregnada no tecido social. A partir de pesquisa realizada com imagens de migrantes brasileiras para Portugal nas redes sociais e jornais portugueses, à ideia da sexualidade/sensualidade das mulheres brasileiras, largamente reiterada em muitas pesquisas sobre o tema, nos últimos anos, se somam imagens que escancaram a xenofobia, antes apresentadas de forma mais velada. A intolerância, um primeiro passo para a perpetração das violências simbólicas, pautadas por textos/imagens “injuriosas”, desloca os potenciais argumentos contra a formulação de políticas de proteção dos direitos para a desqualificação de pessoas e/ou grupos que assumem a defesa de direitos. Os resultados da pesquisa indicam que, seja por meio de montagens fotográficas, seja por frases colocadas fora de contexto, expresssões de ódio, mais facilmente localizadas em discursos extremos, também são parte da produção de conteúdos por gente comum, não necessariamente alinhada a um determinado espectro da política.
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