Etnografia de rua: a imagem como metodologia em um estudo de caso em São João del-Rei e Belo Horizonte
A antropologia visual tem se consolidado como uma abordagem central na análise das dinâmicas urbanas contemporâneas, a utilização da fotografia e do vídeo, assim como seus meios de captura de imagem, sejam por meio de câmeras fotográficas/videográficas profissionais ou com o uso de smartphones vão além do registro enquanto instrumentos de comprovação de algo, são de fato a metodologia de pesquisa em si.
Desde Malinowski e Rouch, o uso de imagens evoluiu, acompanhando avanços tecnológicos e possibilitando novas perspectivas sobre a interação entre espaço urbano e práticas culturais. Este estudo, fundamentado na etnografia de rua (ROCHA; ECKERT, 2013), explora o graffiti, a pixação e outro meios de intervenções urbanas em São João del-Rei e Belo Horizonte, cidades que articulam os conceitos de patrimônio histórico e urbanidade contemporânea.
Ancorado nas teorias de Marc Augé (2009) sobre "lugar" e "não lugar", e nas noções de capital cultural e simbólico (BOURDIEU, 1989), o trabalho argumenta que as imagens capturadas no campo representam escolhas éticas e sociais do pesquisador. Essas escolhas, influenciadas por construções sociais de realidade (BERGER; LUCKMANN, 2004), revelam como a imagem transcende sua função descritiva, constituindo-se como parte do processo analítico.
As intervenções podem ser consideradas como material de insurgências urbanas contemporâneas como forma de resistência e produção de uma memória coletiva, possibilitada por meio dos registros visuais, que contribuem para compreensão das dinâmicas sociais e culturais que definem as cidades do século XXI. Ampliando o debate sobre o uso da imagem na antropologia.
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