Acesso e desigualdade: adaptação e resistência diante da revolução tecnológica no sistema único de saúde no brasil.
Apesar do Brasil possuir um Sistema Único de Saúde Público (SUS), o modelo predominante de saúde no Brasil é o plano privado de saúde. Segundo dados, mais de 90% dos usuários que utilizam a Atenção Básica no SUS não têm plano de saúde, são pessoas que integram a população mais vulneráveis em termos de direitos básicos, incluindo o acesso à saúde pública de qualidade. Atualmente, observamos uma transição para sistemas internos mais tecnológicos nas Unidades de Saúde, visando facilitar o acesso da população aos serviços oferecidos. No entanto, essa modernização é acompanhada por uma complexidade de protocolos e fluxos burocráticos que prolongam os tempos de espera e frustram os usuários. Um exemplo é a regulação entre a Unidade Básica e a marcação de consultas especializadas, que demanda um processo manual e demorado, aumentando o risco de perda de vaga para o usuário. Neste trabalho, que é um recorte da minha pesquisa de doutorado, questiono como essa transição impacta o acesso à saúde, considerando as disparidades socioeconômicas e as barreiras digitais e burocráticas enfrentadas pela população. Analiso também como os profissionais de saúde se adaptam ou resistem à introdução destas tecnologias. A abordagem antropológica é essencial para compreender as implicações culturais e sociais dessas mudanças, enfatizando a necessidade de garantir que essas tecnologias promovam uma maior equidade no acesso à saúde pública, sem agravar as disparidades existentes, destacando a importância de manter a acessibilidade para todos, especialmente para os mais vulneráveis, em um mundo em constante mudança.
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