CONTEXTOS DE SOCIALIZAÇÃO JUVENIL: EDUCAÇÃO, TERRITÓRIOS E CLASSES SOCIAIS
Tal como observado por Pierre Bourdieu, François Dubet, Danilo Martuccelli, entre outros, a generalização do acesso ao ensino secundário tem vindo a transformar os percursos de socialização juvenil, sem anular a diversidade cultural e as desigualdades de oportunidades. Por um lado, os percursos nesta etapa educativa são notavelmente diversos, em termos de aproveitamento, de experiências escolares em organizações muito diferenciadas e de modalidades de ensino, com uma forte relação com as classes sociais e os territórios em que se localizam. Por outro lado, os jovens não deixam de participar – e de ser formados – noutros espaços de socialização, de natureza cultural, desportiva, comunitária, política ou religiosa, também com expressões diferentes (e desiguais) em função da classe social e do território (urbano, periurbano, rural).Mobilizando uma análise original dos dados de um inquérito nacional desenvolvido e aplicado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência a uma amostra representativa dos estudantes do ensino secundário, em Portugal, a comunicação pretende apresentar um retrato global dos contextos de socialização (escolar e extra-escolar) dos estudantes nesta etapa educativa, relacionando-os com a diversidade cultural e as desigualdades de recursos que caracterizam os diferentes territórios em que vivem, assim como as classes sociais de origem dos jovens. Desta forma, contribui-se para aprofundar o conhecimento sobre os contextos de socialização que caracterizam a juventude contemporânea, bem como as desigualdades existentes no acesso a esses contextos e que se afiguram relevantes na estruturação dos seus percursos de vida, colocando em causa o princípio da igualdade de oportunidades.