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RIO SÃO FRANCISCO ENQUANTO TERRITÓRIO INDÍGENA: RESISTÊNCIAS E CONFLITOS CONTRA AS POLÍTICAS ECONÔMICAS DO ESTADO BRASILEIRO

Ao ponderar a imprescindibilidade do rio São Francisco como ator medular para o desenvolvimento social, cultural e econômico para as comunidades indígenas no decorrer da história na região Nordeste do Brasil, remetemo-nos ao período pré-colombiano, quando foram descobertas pinturas rupestres em diferentes regiões, ao longo do curso do rio, conjecturando que os povos possuem uma relação intrínseca com as águas remontando a 3.500 anos atrás (Prous, 1992). Mesmo possuindo todas evidencias de que o rio São Francisco é fundamental para manutenção social e subjetiva das comunidade ameríndias, o Estado tem negligenciado veemente essas populações e os sistemas ecológicos, desenvolvendo megaprojetos como construções de hidroelétricas e a transposição do rio com o único objetivo, o desenvolvimento econômico do país. O que se tem observado é que o Estado encontrasse emparelhado com o império do mercado, sempre, faminto para devorar as possibilidades de crescimento econômico, sob tal perspectiva, não importando as destruições ambientais, culturais e subjetivas, até porque, como observa Guattari (1986), os sistemas de valores, colocam no mesmo plano de equipolência os sistemas ecológicos, os bens culturais e os bens materiais. Em decorrência dos diversos eventos supramencionados, o presente trabalho pretendeu refletir a respeito da relação sociocultural-subjetiva entre o rio São Francisco e os povos indígenas em meio aos diversos conflitos ocasionados pelas políticas de desenvolvimento energético do Estado brasileiro e as consequências dessas intervenções na inter-relação indígena/São Francisco, para tanto, fazendo uso do material coletado na etnografia realizada nos anos de 2015 até 20219 na aldeia ameríndia do Povo Tuxá.