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HIGIENISMO, EUGENISMO E RACISMO EM PORTUGAL NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

A minha comunicação pretende evidenciar a influência e a disseminação das conceções políticas-ideológicas, e supostamente científicas, higienistas, eugenistas e racistas na sociedade portuguesa, em particular entre as elites políticas, universitárias, médicas e intelectuais em geral, na primeira metade do século XX. A literatura sobre esta problemática reconhece que Portugal não ficou imune a estas ideias, ainda que, por circunstâncias políticas, culturais e religiosas muito próprias, não atingiram as dinâmicas e a dimensão jurídico-política de outros países europeus. Será nosso objetivo analisar esta singularidade portuguesa, muito semelhante à realidade francesa, em que parece ter existido uma subordinação clara do eugenismo e do racismo ao humanismo de fundo cristão e ao otimismo científico higienista. Neste sentido, os discursos e as práticas eugénicas dominantes em Portugal, sobretudo durante do Estado Novo, só são inteligíveis num contexto de influência do catolicismo, do nacionalismo autoritário de dimensão colonial.