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A CRENÇA NA INFERIORIDADE MORAL E INTELECTUAL DAS CRIANÇAS POBRES EM PORTUGAL

O combate à pobreza na infância era entendido como essencial, não só para debelar os “males sociais”, à luz dos novos preceitos higienistas, mas também como defesa de uma conceção de aperfeiçoamento da raça. A moralização dos pobres desde a infância impunha-se, então, como uma responsabilidade do Estado, obrigando à criação de instituições de assistência educativa social e higiénica, tendo por base conceções cientistas e pedagógicas que não escapavam às influências darwinistas e eugénicas. Vão no mesmo sentido as pedagogias corretivas então dominantes, centradas em respostas no domínio da educação moral e terapêutica para crianças em situação de pobreza, quando muitas das suas insuficiências eram sociais e ambientais. Muitas das medidas corretivas derivavam de diagnósticos médicos e psicológicos, rotulando as crianças inadaptadas como «incorrigíveis», «rebeldes» e «psicopatas», quando muitas das suas insuficiências tinham origem na sua condição socioeconómica. Subjacente a tudo isto, estava a crença normalizada sobre a inferioridade intelectual e moral das crianças em situação de pobreza.