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JUDEUS E “MARRANOS”, EM PORTUGAL, NO BRASIL E NO PERU, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

Mau grado a leitura historiográfica dominante, depois de três séculos de Tribunal do Santo Ofício da Inquisição e da ruptura que permitiu a implantação de Regimes Liberais Conservadores (e, depois, de Regimes Pós-Liberais), defendo que os países ibero-americanos tiveram, na primeira metade do século XX, quer comunidades judaicas, quer relevantes modalidades de anti-judaismo, de anti-semitismo e de filo-semitismo. Procurarei caracterizar e analisar, por um lado, a forma como esse tipo de diversidade social global foi encarada; por outro lado, que soluções jurídicas e outras foram defendidas e adoptadas para regular o fenómeno em causa. Para além dos cidadãos que assumiam as respectivas origens judaicas e que conheciam o essencial da história da diáspora judaica, em países como Portugal, o Brasil e o Peru, os “marranos” constituíram um sub-universo tanto hetero e auto-segregado como discriminado quer pelas maiorias católicas quer, em parte, pelas minorias judaicas. Descendentes de “cristãos novos” que sobreviveram à sistemática perseguição inquisitorial, adoptaram vivências religiosas e culturais sincréticas, tendo ainda perdido a generalidade dos contactos com a diáspora judaica. Antes e depois da criação do Estado de Israel, alguns desses indivíduos procuraram restabelecer ligações à religião e/ou à cultura judaicas em geral.