A rabeca, um tipo de instrumento de corda friccionada que chegou ao Brasil durante colonização portuguesa, vive atualmente um processo de renascimento, em que atores, criadores, pesquisadores e entusiastas formam uma “comunidade de práticas” (Lave & Wenger 1991). Dentro dessa comunidade existem - além de discussões sobre práticas de tocar e construir - reflexões sobre a importância de valorizá-la, a busca pelo divulgação da diversidade e das possibilidades de salvaguarda patrimonial de expressões que envolvem este instrumento. Dessa forma, são produzidos discursos sobre a origem, tradição e emancipação da rabeca no Brasil e sua ligação transoceânica com Portugal e as Ilhas de Cabo Verde, Açores e Madeira.Por isso, neste artigo, apresentarei resultados da análise de conteúdo desses discursos com base em entrevistas com tocadores e construtores, bem como outros espaços onde este tipo de discussão está sendo produzida, como a websérie “Memórias da Rabeca Brasileira” e o fórum “Conversas sobre Forró de Rabeca” e Rabeca Livre Brasil. A análise de conteúdo apresenta-se como uma ferramenta fundamental, pois, conforme relata Bardin (2011), é um conjunto de instrumentos metodológicos em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a diversos discursos como uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa dos comunicações de conteúdo e sua respectiva interpretação. Isso nos permitiria compreender o atual processo migratório da rabeca que se dá em caráter; não apenas geográfico, mas de um contexto cultural para outro, de um segmento social para outro e a outros tipos de manifestações populares e até acadêmicas (Lima, 2001 pág.12).