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ENTRE A COLETIVIDADE DOS ESTÚDIOS CASEIROS/COMUNITÁRIOS E A INDIVIDUALIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS: O RAP E A (RE)CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES DE RESISTÊNCIA E DE ALIENAÇÃO

Em 2010, quando comecei a estudar o rap, ele se tinha transformado em Cabo Verde num instrumento de comunicação privilegiado dos jovens sem direito à palavra inseridos num sistema sociopolítico e económico desigual. Percebi que nos dois maiores centros urbanos – Praia e Mindelo, os estúdios caseiros e comunitários funcionavam como espaços de sociabilidade e de partilha de experiências e pontos de vista sobre a vida quotidiana. Esta dinâmica consolidou coletivos juvenis, reforçou as pertenças comunitárias e ajudou a construir identidades coletivas de resistência e de emancipação social e política. Atualmente, com o desenvolvimento de novas tecnologias de informação, o rap entrou num novo processo de transformação, provocando novas disputas identitárias e de sobrevivência sociopolítico. Com esta comunicação, que tem como base pesquisas etnográficas e ações desenvolvidas entre os anos de 2020 e 2021 em dois bairros considerados periféricos nas duas cidades, procuro discutir, por um lado, o papel das redes sociais na emergência e potencialização de novos artistas e estilos de bifes e por outro lado, o seu efeito no processo de desestruturação dos grandes coletivos do hip-hop constituídos entre os anos de 1990 e 2000.