APONTAMENTOS SOBRE OS IMPACTOS ECONÔMICOS E AMBIENTAIS CAUSADOS POR JAVALIS (SUS SCROFA) EM UMA REGIÃO DO RIO GRANDE DO SUL (BRASIL)
Espécies exóticas invasoras são assim classificadas por sua grande proliferação e por colocar em risco as espécies consideradas nativas. Neste trabalho, abordo os impactos econômicos e ambientais causados pelos javalis em lavouras de milho e Unidades de Conservação no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Javalis são considerados exóticos invasores, além de pragas, por causarem impactos de ordem ambiental, mas, sobretudo econômica a lavouras de grãos. De que forma ambos os setores (ambiental e econômico) dialogam e negociam estratégias de controle de javalis entre si? E até que ponto os interesses de cada setor podem ser sobrepostos uns aos outros e quais os limites de cada um? Os dados aqui analisados são provenientes de entrevistas realizadas com caçadores de javalis e uma gestora de uma Unidade de Conservação no Rio Grande do Sul, a fim de explicitar como cada um dos sujeitos está lidando com a problemática da praga – que é consenso entre eles. Diferentes estratégias de controle são adotadas por cada um, além de que, embora legalizada em todo o Brasil, a caça de javalis não pode ocorrer dentro de Unidades de Conservação, que utilizam e armadilhas com gaiolas para capturar os javalis. Contudo, levanta-se a hipótese de que o javali – tal como outros animais também considerados pragas – seja produzido pelo próprio agronegócio, importante setor econômico do estado. Um desequilíbrio causado pelos próprios seres humanos e que se prolifera em condições ideais nas ruínas do Antropoceno. Javalis, ambientalistas, produtores rurais, caçadores, se encontram em disputa nesse contexto.