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TENSÃO, DIREITOS, AUTORIDADE NO QUOTIDIANO PRISIONAL

Na prisão, embora o quotidiano possa ser considerado frustrante pelas reclusas — «É sempre igual, os dias são todos iguais uns aos outros» —, são essas cadências que conferem estabilidade e previsibilidade relativamente ao amanhã, ao dia que se segue. Tudo está estruturado e previsto numa determinada ordem imposta e determinada pela instituição (que priva o sujeito da sua autonomia e agencialidade). Para quem esteja apenas a observar esse movimento, abstraído da sua motivação ou intencionalidade, a vida na prisão parece uma onda que se desloca num ritmo repetitivo sem que seja dado sinal ou que algo o faça prever. É quando se quebra essa ordem que a regulamentação rígida demonstra a sua razão de existir, uma vez que origina precisamente o seu contrário: reivindicações, conflitos, frustrações e ansiedades, que se materializam no confronto das relações dentro do espaço prisional. Com base em trabalho de pesquisa levado a cabo numa prisão feminina no sul de Portugal, nesta comunicação centro-me na análise da tensão e conflito emergentes no quotidiano prisional em torno da reivindicação de direitos e do exercício da autoridade.

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