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NEGOCIANDO O DIREITO DE MORAR: MULHERES E A CRISE DA HABITAÇÃO EM LISBOA

Nesta comunicação, pretendo discutir as experiências de luta pela habitação em Lisboa, destacando como as questões de género e monoparentalidade tem se destacado no contexto das crises económicas recentes e das consequentes políticas habitacionais que dela derivam. A reflexão parte do acompanhamento de uma iniciativa de luta coletiva, a Caravana pelo Direito à Habitação, que percorreu o território português, em 2017, mapeando as condições habitacionais de pessoas em situações limites de moradia e envolvendo muitos atores sociais numa luta ampliada em território português. Nesta experiência da Caravana emergiram duas situações importantes para o debate que proponho. Por um lado, desdobramentos familiares de famílias (segunda e terceira geração) sem acesso a melhoras económicas levou a novas formas de ocupação de casas vazias, acionando resposta governamental violenta, ao mesmo tempo que dando visibilidade a esta relação dinámicas de parentesco, vivências familiares e formas de morar. Por outro lado, a Caravana aponta para um movimento crescente de mulheres chefes de famílias como protagonistas destas ocupações, e também como protagonistas do embate com o Estado, no que diz respeito direito à habitação. A comunicação pretende endereçar estas duas dimensões da experiência habitacional desde o evento da Caravana da Habitação até os dias atuais, para discutir, como as lógicas urbanas e de especulações imobiliárias em Lisboa provocam, afetam ou constrangem a movimentação destas mulheres e moldam o seu quotidiano; e como as eperiências de gênero são negociadas no enfrentamento com o Estado.