GERAÇÃO DO FUTURO: O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE NOVOS SUJEITOS E ASPIRAÇÕES ENTRE OS REFUGIADOS SAHARAUÍS
À semelhança de outros grupos, desde 1975 que os refugiados saharauís constroem uma nação no exílio, enquanto esperam pelo regresso à sua terra ancestral (Malkii 1995; Faist 2010). A constituição dos acampamentos de refugiados (Tindouf, Argélia) enquanto sede da República Árabe Saharauí Democrática (RASD), deu à educação universal um papel central na revolução social associada ao projecto nacional. Através do estabelecimento dum modelo de educação transnacional (Chatty et al. 2010), que envia anualmente centenas de crianças e jovens para fora dos acampamentos para prosseguirem os estudos. O objectivo inicial de estudar para construir a nação, implicando o regresso definitivo aos acampamentos, tem vindo a dar lugar a outras trajectórias, que não implicam necessariamente o retorno permanente, em articulação com novas formas de reivindicação da independência. Com base numa etnografia de longa duração, realizada na Estremadura (Espanha) e em Argel (Argélia), e considerando a educação como um meio privilegiado para a construção da nação e difusão de noções colectivas de pertença e identidade (Anderson 2005), através da construção duma “imaginação partilhada” (Kissau e Hunger 2010), esta comunicação foca as trajectórias individuais dos jovens saharauís (a geração do futuro), intersectando as suas experiências pessoais com as trajectórias colectivas e geracionais (Bourdieu 2007), observando de que formas a educação construiu esses sujeitos e, em paralelo, propicia novas aspirações.