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Da raiz ao Som - o Encadeamento de Interesses do Instrumentista Construtor.

A profissão de músico abre-se, como as outras, à especialização. A necessidade de apuramento de técnicas, conhecimento de repertório, envolventes históricas e estéticas e necessidade de ajustamento performático a instrumentos coevos determinam a concentração do músico numa só função e área específica. O instrumento é um factor determinante mas também determinado pela enquadramento histórico do repertório. Pode existir ou não concordância perfeita entre intérprete, repertório e instrumento. Ao adoptar o melhor instrumento para um repertório, o músico pode trair o seu gosto. Em contrapartida, a conjunção de repertório/instrumento / intérprete pode levá-lo a tentar a concepção ou construção dos seus próprios instrumentos, criando “a sua própria voz instrumental”, exercendo uma actividade compensatória da sua necessidade de autoidentificação e, para isso, alargando a sua actividade no sentido oposto ao da especialização. Tocado por este factor, tenho questionado conceitos e preconceitos de uso de instrumentos, construindo ou desenhando guitarras considerando características e finalides. Daí resulta uma pequena colecção de guitarras desenvolvidas sempre a partir de alguma questão interpretativa, acústica ou mecânica. Esta actividade, com relativo significado na organologia, abala contudo a ideia de que o músico é, tendencialmente, um especialista de um só segmento da actividade musical.