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Património Cultural Imaterial no Caminho Português Interior de Santiago de Compostela (CPIS): algumas notas relevantes

A título de definição pode ler-se que o PCI contempla “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões (…) é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio, da sua interacção com a natureza e da sua história, incutindo-lhes um sentimento de identidade e de continuidade, contribuindo, desse modo, para a promoção do respeito pela diversidade cultural e pela criatividade humana” (UNESCO, 2003). Ao PCI jacobeu estão conectadas as manifestações tradicionais de caráter oral; escrito; hagiotopónimos; botânica; artes do espetáculo; práticas sociais, rituais e eventos festivos; conhecimentos e práticas relacionadas com a natureza e o universo, relacionadas com os caminhos de Santiago e a São Tiago em particular. Ora, durante cerca de um ano de trabalho de campo antropológico (com interrupções para trabalho documental), com recurso a entrevistas e conversas informais, percorri a pé as várias etapas deste do CPIS e deparei-me com inúmeros exemplos paradigmáticos de PCI jacobeu nos territórios que este cruza. Contudo, o aproveitamento turístico de certos elementos pontuais deste património acaba por instrumentalizar e transformar o que é tocado. Já o universo total vê-se quase votado ao esquecimento, não fora o acervo descrito em Cunha (1995; 2005; 2013). Assim, percebe-se que esta dialética entre o PCI jacobeu do CPIS e o Turismo se afigura complexa e constante, mesmo tendo surgido, em 2012, o Programa UNESCO Património Mundial e Turismo Sustentável onde se alertava para a valorização sustentável em detrimento da turistificação dos vários patrimónios que esta salvaguarda.