O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e suas pautas morais
A popularização das mídias digitais e da internet tem acelerado a participação de sujeitos comuns na política brasileira. Nesta apresentação proponho uma reflexão sobre as pautas do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro que circularam por variadas mídias em 2019. Em um momento pautado pela horizontalização das produções, as notícias e os comentários a elas parece ser parte de um processo de ampliação dos discursos de ódio, na maioria das vezes entrelaçado ao contexto político nacional, associando os movimentos sociais, especialmente as femininistas, a determinados partidos políticos. Presto particular atenção aos comentários a essa produção que, mesmo com retóricas distintas, parecem sugerir a necessidade de uma certa ordem moral. As notícias incentivam os internautas a fazer comparações com suas próprias histórias vividas no cotidiano e, cada vez mais, expor suas moralidades. Essa exposição tem revelado um conservadorismo no que remete às questões de gênero e sexualidade, na maioria dos casos, reivindicando a manutenção da “normalidade”, apoiando algumas pautas deste Ministério. Esses discursos, perpassados pelo constrangimento de pessoas e/ou grupos que defendem os direitos humanos, menos do que argumentar, desqualificam esses sujeitos, ao criar nomeações – feminazis, comunistas – cujos significados não remetem à historiacização dos movimentos, mas ganham status de categoria acusatória. A pesquisa foi realizada em jornais brasileiros de grande circulação on line, blogs e páginas da Web.