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Nossa Senhora dos Navegantes, Intimidades reparadoras

A criação da candidatura da Festa da Nossa Senhora dos Navegantes no lugar da Culatra (ilha da Culatra) Algarve, ocorreu em contexto de contestação geral, reivindicando a população o seu direito de permanência num território resgatado por políticas de reordenamento do território. A formulação da candidatura inseria-se, em princípio, neste movimento, pensada como instrumento político de legitimação. Todavia, no terreno, ela criava um “lugar” paralelo marcada por memórias e emoções onde as disputas, notícias e dilemas diários se esfumavam. A pesquisa e os contextos etnográficos refletiam um outro “nós” através de uma atmosfera reparadora face aos acontecimentos de crise. A leitura dos processos de patrimonialização são amiúde analisados como forma de reificação comunitária, com veículos de globalização. Mas neste, como noutros casos, podem também ser resistência a outras formas de globalização que por outras vias   de impõem. Avaliar estes processos nos contextos comunitários em que surgem e que papel têm na grelha das diversas formas de viver e representar formas de pertença nos espaços intercomunitários é a reflexão que esta proposta propõe.