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Histórias diversas, mulheres únicas: a história oral como ferramenta de democratização de vozes

O pensamento decolonial convoca a compreensão de que as ações emancipatórias são resultantes de processos pelo meio dos quais re-conhecemos outras histórias, trajetórias e formas de ser e estar no mundo, distintas da lógica racional do capitalismo contemporâneo como expressão cultural. Esse caminho teórico segue humanizando a existência no sentido de reconhecer a dignidade dos/as que, por força do projeto hegemônico moderno/colonial sofreram processos de desumanização. Nesse sentido, é necessário dar visibilidade a diversidade das lutas contra a colonialidade travadas na cotidianidade a partir das pessoas e de suas práticas sociais, pois delas emergem novos sujeitos políticos, nova autoridade discursiva e representação cultural. Esta perspectiva desafia as narrativas hegemônicas e amplia o interesse no uso da memória e história oral como metodologias de pesquisa, estabelecendo relações entre história, memória, saber e poder. Esta comunicação enfatiza a reivindicação da presença das mulheres na historiografia no sentido de superar as lacunas da “história única” imposta pelo sistema moderno/colonial de gênero. A presente reflexão se apoia na narrativa de Dona Augusta, moradora do povoado do Bichinho em Minas Gerais, Brasil, que compõe a pesquisa etnográfica pós-doutoral realizada em Janeiro de 2020. Ao descrever sua trajetória, a protagonista explicita a força necessária para produzir a vida familiar em um universo rural patriarcal, onde a pobreza desafia a sobrevivência. Sua “outra história” evidencia os atos invisíveis de autonomia e protagonismo de uma mulher única, como tantas outras, que transforma o cotidiano doméstico em principal lugar de reexistência.

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