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Ano Zero: transitoriedade e perspectivas de futuro dos jovens saharauís no regresso à guerra

Desde 1975 que os exilados saharauís põem em prática, nos acampamentos de refugiados, a estrutura embrionária da República Árabe Saharauí Democrática (RASD). A nação no exílio é profundamente marcada pelos processos de mobilidades juvenis, algo que se tornou transgeracional (Fiddian-Qasmiyeh 2015). Como tal, milhares de jovens deixam anualmente os acampamentos (Tindouf, Argélia), integrando um modelo de educação transnacional (Chatty et al. 2010). A “ambivalente temporalidade do ‘entretanto’” (Solana 2016, 84) vivida pelos saharauís tem transformado as mobilidades estudantis e as perspectivas de futuro (Koselleck 1979; Bryant and Knight 2019) desta segunda geração, que deixa os acampamentos para estudar e se estabelecer “fora”. Após 29 anos, o fim do cessar-fogo, em Novembro de 2020, reavivou memórias e esperanças de libertação, colocando os jovens numa situação nunca antes vivida: o regresso à guerra. Tal, pôs em evidência a transitoriedade dos acampamentos e da condição de refugiado – algo esbatido com o prologado exílio. Para todos aqueles que nasceram após 1991, trata-se do ano zero: o início duma nova realidade que contempla uma hipotética participação na luta armada.Baseada numa pesquisa etnográfica de longa duração, esta comunicação foca processos de transitoriedade e as formas como os jovens saharauís fora dos acampamentos encaram o regresso às armas, procurando levar as suas vidas entre o apoio à causa, perspectivas sobre um futuro (in)certo e o desejo de uma vida “normal”. 

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