A partir de uma incursão na cidade de Melgaço, Marajó, na amazónia brasileira, fizemos um mapeamento do poder religioso, entre espaços, imagens, narrativas e vivências dos locais. A ascensão das igrejas evangélicas vem alterando o comportamento, as práticas culturais e as relações de poder desta pequena cidade do Estado do Pará. Superando a própria afirmação de uma ‘teologia da prosperidade’, os posicionamentos dos discursos e práticas religiosas redefinem a identidade de cada membro das diferentes igrejas dentro de uma ‘guerra’ pelo ‘mais cristão puro’, onde a ‘espada’ da bíblia é jogada a todo o momento. A metodologia de mapeamento dos espaços e reprodução das narrativas gráficas da crença é confrontada com entrevistas abertas aos residentes. A paisagem amazónica pontua-se de novos templos, numa gestão de fé autonomizada. Ao mesmo tempo circulam pelos diferentes locais de culto várias personagens, a destacarem-se pela capacidade oratória, numa deambulação entre a fé e o espetáculo, entre o ser pastor e o ser ator. Sobressaem as experiências de ruptura, de conversão, onde a imagem pública é um dos elementos de adesão e afirmação prosélita mais marcante. Várias questões se colocam, entre as quais se destaca: quais as consequências da alteração da prática religiosa nas novas relações de poder politico na paisagem amazónica?