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REFLEXÕES SOBRE A BOA VIDA: CAMINHOS QUE APONTAM PARA A EMANCIPAÇÃO A PARTIR DO JOGO DO RISO E DA FESTA.

Por se entenderem as práticas de lazer espontâneas como processos potentes de transformação, as reflexões acerca do jogo, do riso e da festa nas ocupações urbanas da Izidora, em Belo Horizonte-MG, trazem à luz a capacidade criadora dos sujeitos, propiciando, por meio de interações, que outras possibilidades de mundo surjam a partir de experiências voltadas para o lúdico e para os momentos de ócio. Vale observar, aqui, que a capacidade criadora do brincar e do riso não se restringe a uma classe, gênero ou raça específica. É transversal. Todos nós brincamos e divertimo-nos de alguma forma. Fazemos isto imersos em sentimentos de prazer. Mas quando essas práticas situam-se em uma ocupação urbana, território de conflito fundiário e lugar de muitas carências, onde se revela a negação de direitos fundamentais de qualquer cidadão, as relações com o espaço e a produção do espaço dão-se de formas diferentes do que ocorre na cidade formal. Na ocupação, é a terra. Na cidade formal, é o asfalto. Partimos assim da ideia do fazer e do “que fazer”, tanto no ato do brincar, do festejo, quanto no ato de produzir seu próprio espaço de morar. O conceito do “que fazer” é iluminado pelo pensamento de Paulo Freire (2002) sobre a práxis libertadora. Para o autor, o “que fazer” é a expressão da práxis ligada à ação e à reflexão. Processo em que o sujeito, refletindo a partir de sua prática e, nesse contexto, da prática espacial, transforma-se em torno de um processo dialético de constante transmutação.