ENCONTROS ETNOGENÉTICOS: DA DIVERSIDADE GENÉTICA DOS CHIMPANZÉS DO SUL DA GUINÉ-BISSAU À SUA PERCEPÇÃO CULTURAL LOCAL
Um dos desafios da preservação da biodiversidade, particularmente no seu nível mais primário- os genes- requere que a diversidade genética de espécies ameaçadas seja caracterizada do ponto de vista da sua estrutura e repartição para que possam ser delineados com eficácia planos de mitigação e salvaguarda. A partir desta máxima da genética da conservação e tendo os chimpanzés (Pan troglodytes verus) do Parque Nacional de Cantanhez do sul da Guiné-Bissau como leitmotiv traçarei um roteiro etnográfico assente num estudo empírico conduzido entre 2007 e 2019 que visa demonstrar como é que a história das linhagens dos chimpanzés se entrecruza com a guerra colonial/libertação no espaço e com os mitos fundadores dos Nalu no tempo criando assim uma realidade complexa onde humanos e não humanos se conectam e transpõem os seus limites teleológicos. Recorrendo metodologicamente a uma abordagem biocultural (i.e. genética e antropológica) explora-se a história ambiental da paisagem onde humanos e chimpanzés ainda coexistem, discutem-se as suas implicações futuras em termos de conservação e reforçam-se pontes epistemológicas. Conclui-se que os saberes tradicionais locais podem e devem ser incorporados em planos de gestão ambiental já que podem ser concomitantemente não só um ponto de partida, mas também um ponto de chegada.
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