Os atores, as materialidades e as alianças territoriais: uma agenda para a Antropologia do Desenvolvimento
Esta comunicação está circunscrita por indagações sobre relações que tradicionalmente preocuparam a Antropologia Social, em especial, a Antropologia do Desenvolvimento. Tratamos de examinar a redistribuição material da agência humana como contribuição a entender conceitual e empiricamente a relevância das interações de atores sociais com objetos, coisas, artefatos e entidades de um dado ambiente, considerando que as materialidades dos mundos de vida não devem ser tratadas como um epifenômeno. As associações e alianças políticas para além do humano nos fazem refletir criticamente sobre o desenvolvimento, seus riscos, as transformações, existências e resistências territoriais. Retomando as bases conceituais e metodológicas de uma perspectiva orientada ao ator, destacamos a importância de incorporar na pesquisa etnográfica preocupações sócio-materiais. Sugerimos uma reorientação metodológica e analítica que considere as práticas, os materiais e a materialidade de um território, cujas interconexões fazem surgir o que denominamos assemblages. A discussão é ilustrada por dois exemplos de práticas territoriais empreendidas por mulheres, no Brasil e no Chile, envolvendo alianças com plantas medicinais e palha de trigo respectivamente. Destacamos a recriação de mundos vitais, o surgimento de novas corporalidades e de uma multiplicidade de afetos, explorando o potencial de experimentos ontológicos dos atores como parte de uma nascente epistemologia relacional.