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Epistemologias “não extrativistas”: a etnografia como estratégia anticolonial

Este texto, que embasou a comunicação apresentada no 6º Congresso Internacional de Antropologia AIBR – 2020 (online), objetiva discutir os desafios de realizar investigação científica e produzir conhecimento numa perspectiva decolonial tendo a etnografia como estratégia. Aborda o compromisso de que a alternativa ao extrativismo epistêmico é a reciprocidade profunda, o que implica um intercâmbio justo nas relações estabelecidas entre o/a pesquisador/a e o sujeito. As epistemologias do Sul global têm em comum partirem do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem novos sujeitos políticos, nova autoridade discursiva e representação cultural. Essa perspectiva desafia as narrativas hegemônicas e amplia o interesse no uso da memória e história oral como metodologia de pesquisa, estabelecendo relações entre história, memória, saber e poder. Assim, são ampliadas as reflexões acerca das responsabilidades éticas e políticas da etnografia e do trabalho de campo quanto aos sujeitos de pesquisa. O extrativismo como característica das sociedades formadas na lógica do imperialismo, capitalismo, colonialismo e patriarcado se estende ao saber e a ciência moderna, que têm suas origens no “extrativismo epistêmico”. O “não extrativismo” epistêmico como estratégia teórica e metodológica, embasou a pesquisa etnográfica realizada entre 2012 e 2017 em Minas Gerais – Brasil. A investigação buscou analisar como se reproduzem os padrões coloniais de poder; onde estão as fraturas por onde se evidenciam rompimentos com as dicotomias que naturalizam as classificações estabelecidas pela modernidade e como estão sendo produzidas as identidades e como elas se expressam nas relações cotidianas. O relato da devolução do estudo à comunidade, realizado em dezembro de 2020, expõe alguns resultados possíveis quando a pesquisa se apoia na reciprocidade.

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