Eventos recentes posicionaram o gênero no cerne da vida pública brasileira. Neste artigo, descrevo dois processos de longa duração imbricados a isso: a cruzada antigênero e a eclosão da “primavera feminista”, como consideram algumas autoras. A primeira, estratégia católica transnacional, emergiu no Brasil em 2014. Anos depois, parlamentares pró-impeachment de Dilma Rousseff declararam votos em favor da família e contra a “ideologia de gênero” – expressão habilmente apropriada por uma poderosa coalizão cristã dentro e fora do parlamento brasileiro. Em 2018, a campanha antigênero voltou aos debates nacionais com as eleições presidenciais. O rechaço à candidatura de Jair Bolsonaro agregou milhares de mulheres nas redes sociais e nas ruas, formando o movimento #elenão. Porém, não se tratava de uma reação repentina ou inédita: as resistências das mulheres têm demonstrado a potência de suas alianças e contestado a tese da “cortina de fumaça” que rotula as táticas do atual governo. É o que demonstro na última parte do artigo ao analisar as medidas adotadas pelo governo federal, principalmente no âmbito do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, como a recém lançada campanha pela abstinência sexual para prevenir a gravidez precoce.
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