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A salvaguarda do gado bovino de raça Barrosã em Montalegre: atores, relações e atitudes

No Norte de Portugal, devido à diversidade de ecossistemas, às diferenças geológicas e culturais, é possível identificar oito raças bovinas autóctones. Uma dessas raças é a raça Barrosã (descrita pela primeira vez entre 1858 – 1862, por Silvestre Bernardo Lima), que, pela sua importância para a dinamização da economia rural, pelo seu valor patrimonial, quer genético, quer cultural e identitário, e por num passado recente se ter aproximado da extinção, tem sido alvo de várias campanhas de promoção, como concursos pecuários, campeonatos de chegas de bois, subsídios e incentivos ao nascimento, e, ainda, a realização do registo zootécnico da raça, possibilitando a elaboração dos livros de nascimento e genealógicos – que permitiram constituir uma população selecionada e controlada. No entanto, foi possível ouvir desabafos de proprietários de gado bovino num concurso pecuário dedicado à raça Barrosã, ocorrido em 2019, em Montalegre, dizendo-nos um deles que “As raças já não são o que eram. Agora são tudo uma mistura e, se ninguém cuidar delas, ou ainda acabam”; afirmação que torna clara a preocupação com a salvaguarda das raças autóctones bovinas existentes em Portugak e das características que as definem também nos agentes que mais proximamente contactam com estes animais, os seus proprietários. Assim, neste trabalho, num cruzamento entre etnografia, história-de-vida e antropologia- histórica, e através da Teoria Ator-Rede, procura-se problematizar a relação existente entre o gado barrosão e os vários agentes, por vezes institucionais, presentes na sua salvaguarda, estando aqui atento a diversos graus de intensidade emocional, interesse económico e saber fazer.