A pesquisa visa compreender se e como a agricultura das regiões montanhosas marginais – como as do Apenino central, região de Navelli – ainda pode ser considerada recurso para a economia local. Para responder, é preciso ler a agricultura segundo um novo paradigma: aspectos ligados apenas à produção de matérias primas alimentícias perdem de importância, enquanto emergem novas atividades e formas de integração com outros setores produtivos, especialmente o dos serviços, que tornam a agricultura capaz de responder às novas demandas do mercado e às necessidade da coletividade. Para isso são fundamentais os conceitos de multifuncionalidade e diversificação: a possibilidade para a agricultura de produzir ulteriores bens e serviços, além dos básicos, e a possibilidade para o empreendedor de incluir novas atividades e novos recursos. Outro aspecto importante é a integração do setor agrícola com os sistemas social e cultural locais. A esfera cultural e simbólica representada pelas produções locais é o ponto de partida para novos modelos de segurança e valorização territorial. Os produtos contêm a história, a identidade e os marcos que a agricultura escreveu no território. È preciso reconhecer esse papel e viabilizar sua continuidade. A região estudada é caracterizada por forte emigração, escassez de serviços e emprego, além das recentes destruição e crise econômica, seguidas ao terremoto de 2009. O açafrão da região de Navelli é escolhido como caso de estudo porque detém forte valor identitário, saberes e competências locais intransferíveis e insubstituíveis. Sua produção pode representar o fulcro de um sistema de geração de renda para as comunidades locais embasado na multifuncionalidade (produção primária, turismo, educação ambiental, tutela da paisagem). A preservação e consolidação do projeto dependem de sua capacidade de integração social e da construção de um sistema socioeconômico idôneo a garantir a defesa do território, em todas suas componentes.

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