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MOBILIDADES E PRÁTICAS AMBÍGUAS EM ZONAS DE FRONTEIRA

 A partir dos dados recolhidos num projecto sobre a emigração irregular na década de sessenta, procurar-se-á questionar se se poderá considerar a emigração como uma forma de resistência. A limitação da mobilidade organizada a nível de um ou vários Estados pode ser importante para a discussão da arte de governar dos estados e para a arte de não se deixar governar das pessoas que cruzam as fronteiras de forma irregular. Emigrar de forma irregular poderá ser considerado ou não uma forma de resistência quotidiana (Scott, 1985), como já foi apontado por alguns autores, relativamente à emigração clandestina realizada por vários portugueses com destino a França na década de sessenta? As práticas ambíguas do governo no controlo dos fluxos fronteiriços influenciam atividades como contrabando, ou emigração irregular, facilitando certos tipos de fluxos de mercadorias e pessoas, mas impedindo outros tipos. Alguns testemunhos indicam situações que exigem uma reconfiguração de práticas como o passador que teve de emigrar para escapar às autoridades ou o ex-emigrante irregular que veio a Portugal de férias e levou alguém de forma irregular na sua viagem de regresso a França. No entanto, é difícil traçar uma fronteira clara entre as práticas de fronteira relacionadas com a emigração irregular, porque esses papéis e atividades misturavam-se frequentemente. Pretende-se nesta comunicação questionar se havia porosidade na fronteira entre diferentes práticas fronteiriças, nomeadamente entre o auxílio à emigração irregular, a emigração irregular e o controle de fronteiras, a partir da análise de testemunhos orais e de documentação consultada em arquivos locais e nacionais. 

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