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“UM PUXA O OUTRO”: BARRACOS, PESSOAS E AFETOS NO MUNDO DAS OCUPAÇÕES DE TERRA

Este trabalho foca no cotidiano de acampamentos sem-terra organizados pelo Movimento dos trabalhadores rurais sem-terra e localizados ao oeste do estado de São Paulo. Analisa a dinâmica local que informa processos cotidianos de constituição de formas de organização social no mundo das ocupações de terra. Neste contexto etnográfico o barraco, além de representar o pertencimento a um determinado acampamento indica a possibilidade de ser assentando, de obter um pedaço de terra. Desta maneira se torna um elemento central na compreensão da dinâmica desse mundo social: o barraco pode ser vendido, trocado, emprestado, recuperado, cuidado, tornando-se assim um bem valorizado e disputado e diz a respeito de uma dinâmica específica de circulação cotidiana de pessoas e coisas. O barraco também aparece como central nas conversas e histórias narradas sobre a vida e os acontecimentos no acampamento, diz a respeito das relações entretidas com o vizinho, com o amigo, com o parente, e simboliza uma possibilidade, é a referência de uma mudança nas vidas das pessoas, ter um barraco em um acampamento sem-terra abre a possibilidade de um futuro diferente, o barraco se torna um devir. Daí a expressão nativa “um puxa o outro”.

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