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“A nossa luta é todo dia! / Contra o racismo / O machismo / E a homofobia!”: A emergência dos marcadores sociais da diferença no movimento estudantil secundarista do Brasil

Durante os ciclos de ocupações de escolas públicas em todo o Brasil, a chamada “Primavera Secundarista” (2015 e 2016), estudantes do Ensino Médio estimularam diferentes processos da descoberta de si para além da condição de aluno (a principal condição da juventude na concepção moderna). A descoberta da escola, dos seus espaços, regimentos e funcionamentos internos, e, sobretudo, a descoberta dos direitos – do direito à educação ao direito à diferença – conformaram o agir, o falar e o pensar político de secundaristas que impunham a si próprios reflexões produtivas neste sentido: Que lugar eu ocupo no mundo? Como me reconhecem? O que me constitui como mulher, negra, lésbica, uma estudante pobre ou periférica? Que direitos me são negados ou garantidos a partir da interpretação sobre quem eu sou e das condições que são dispostas a mim? Desse modo, o “direito a saber-se” estimulou processos politizadores das diferenças e os impeliu a travar discussões sobre os seus desdobramentos nas recentes reformas educacionais, em contextos de desigualdades e discriminações. O objetivo deste trabalho, portanto, é mobilizar o conceito dos “marcadores sociais da diferença” (raça, gênero, sexualidade, geração e classe social), a partir de uma interpretação cultural e histórica sobre a produção dessas categorias em torno de sistemas classificatórios mais amplos capazes de conferir dimensões simbólicas e concretas para a atual configuração do movimento estudantil secundarista no país.

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