Essa proposta é resultado de uma pesquisa etnográfica, que prioriza relatos empíricos, instrumentais teóricos e metodológicos. Seu objetivo é analisar as situações sociais decorrentes do covid-19 (pós isolamento) para as pessoas que vivem nas ruas e para os “novos personagens da rua”. A conjuntura pandêmica gerou problemas dramáticos e graves para os grupos em situação de vulnerabilidade, como os moradores de periferia, pobres, sem qualificação de mão de obra, desempregados e imigrantes. Esse cenário se agravou, por falta de trabalho e precárias condições financeiras para assegurar moradia e recursos básicos de sobrevivência, contribuindo para que os “novos personagens” fossem viver nas especialmente nas grandes cidades. Pesquisas nacionais e internacionais têm apontado que a população que sobrevive nas ruas do Brasil e em outros países cresceu assustadoramente entre 2020 a 2024, particularmente da faixa etária 18 a 39 anos, o que denota as condições de vida na sociedade foram deterioradas. Podemos afirmar que os “novos personagens” são predominantemente do gênero masculino, sem formação de mão de obra especializada, sem endereço fixo, com interrupção de vínculos sociais, escolares e familiares e apresentam sofrimento mental. Essas circunstâncias levam os “novos personagens” a demandarem dispositivos diversos e serviços públicos de assistência social visando a formação de mão de obra para a inserção no mercado de trabalho, acesso a moradia e assistência à saúde. Em suas narrativas, apesar da luta diária para sobreviver, é notável a construção de laços de sociabilidades, ajuda mútua e apropriação dos espaços públicos.

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