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A rua mais preta de são paulo: apropriações juvenis do espaço urbano

A proposta desta comunicação é apresentar uma pesquisa no campo da Antropologia Urbana, sobre a apropriação, predominantemente por jovens negros, de um espaço específico no centro histórico da cidade de São Paulo, a Rua Dom José de Barros, que é, muitas vezes, apresentada como uma das ruas mais pretas da cidade. O que se apresenta como objetivo, portanto, é descrever as diferentes dinâmicas desta rua e suas adjacências, identificando equipamentos, práticas e modos de habitá-la e, consequentemente, as múltiplas formas de produzir a cidade, conforme a discussão de Agier (2007). Trata-se, portanto, de um exercício de etnografia da rua, que tenta compreender as especificidades de uma rua bastante particular, com muitas temporalidades e com uma historicidade específica que a marca. No caso, destacam-se as sucessivas formas de ocupação de práticas culturais juvenis negras que habitam essa rua e seu entorno desde pelo menos os anos 1970. Essa pesquisa toma também essa rua específica de São Paulo, em seus múltiplos e conflitantes sentidos. Dessa maneira, a rua Dom José de Barros será discutida, simultaneamente, como “lugar do encontro, sem o qual não existem outros encontros possíveis nos lugares determinados (cafés, teatros, salas diversas)” (LEFEBVRE, 1999, p. 27), que propiciam uma vida urbana marcada pela diversidade e pela apropriação da rua por grupos que criam um “espaço-tempo apropriado”. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de campo de longo prazo que acompanha essa rua desde meados de 2006, observando o seu cotidiano e as transformações pela qual passou nos últimos tempos, particularmente no pós-pandemia.

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