Video

DO NASCIMENTO DOS OLHOS DE UMA INDÍGENA, AOS DIVERSOS DEVIRES MITOLÓGICOS DOS POVOS INDÍGENAS DO NORDESTE BRASILEIRO

O presente trabalho refletiu a partir de um estudo etnográfico, a relação do rio São Francisco com os ameríndios do Brasil pela perspectiva mitológica do nascimento do rio pelas lágrimas de uma indígena que sucedeu no tempo sagrado. Refletir a temática mito nas sociedades ameríndias, faz-se necessário desnudar-se do valor semântico de “fábula”, “invenção”, “ficção”, da sociedade ocidental. O mito não cumpre a função restrita de explicação do surgimento dos fenômenos naturais, estando locado de forma pragmática no pensamento indígena (Levi Strauss, 2012). A criação do mito possui uma afinidade transgeográfica que representa uma forma de estar-no-mundo (Silva, 1992), de maneira subjetiva, o mito expressa os sentimentos fundamentais da experiência humana como amor, tristeza, ódio, etc. O mito vivo, para esses povos, está inserido no seio do contexto social e cultural dos grupos, conferindo significações e valores de existência além de modelos para conduta humana. O mito faz parte de uma cosmovisão ameríndia do religioso, que conecta o ser espiritual com elementos da natureza. Poderíamos asseverar que, sem o rio, a manutenção da vida na região seria improvável, ou seja, Opará/São Francisco é responsável pela vitalidade no semiárido brasileiro. Ao longo do seu crescer e dos seus movimentos, a vida vai surgindo, as comunidades ameríndias vão instalando-se às suas margens e, assim, com a experiência inata de uma nascente dos olhos de uma indígena, ele pode ver o seu povo e comunicar-se, quando necessário, mediante os diversos devires que estão presentes nos rituais religiosos das mais variadas etnias.