AS MULHERES DE MINAS GERAIS, DO MINHO E DO ALENTEJO: MIGRAÇÕES, SUBALTERNIDADES E REEXISTÊNCIAS EM CENÁRIOS PATRIARCAIS
A pesquisa que fundamenta essa apresentação se estruturou como um trabalho de intervenção idealizado e materializado no campo da antropologia e na investigação científica crítica de caráter interdisciplinar no campo dos estudos pós-coloniais e feministas. Privilegiou o trabalho etnográfico como ferramenta de conhecimento e intervenção social na perspectiva de gênero. Discute as dimensões e os impactos dos processos migratórios protagonizados por homens sobre as construções de novas reconfigurações sociais e familiares. Adotou a hipótese de que, frente aos processos migratórios dos homens, as mulheres reconfiguraram os papéis sexuais de maneira irreversível ao exercerem protagonismos e expandirem a capacidade de criar e gerir a vida em processos de construção de reexistência. O estudo, realizada entre 2019 e 2022, buscou identificar quais impactos estas reconfigurações representaram nas tramas das relações familiares e sociais quanto ao caráter patriarcal destas relações resultantes de dois cenários: a existência do processo migratório e na ausência do processo migratório. O recorte temporal considerou o decurso do século XX para adotar a perspectiva comparada e cruzada em três localidades: povoado de Vitoriano Veloso, freguesia do Porto e união das freguesias de Évora respectivamente situadas nas regiões de Minas Gerais - Brasil e norte e sul de Portugal. As intensas ondas migratórias em Minas Gerais – Brasil e no norte português foram marcadas por longos períodos de ausência dos homens. Por outro lado, e como contraponto, na região sul de Portugal, o Alentejo vivenciou poucos e breves deslocamentos migratórios dos homens.