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Manifestações de extrema direita no Brasil: ocupação do espaço público e deseducação urbana em cena

Discute-se o caráter pedagógico dos espaços públicos urbanos, analisando as ocupações ocorridas em Belo Horizonte/MG/Brasil, por movimentos de extrema direita que passaram a contestar o resultado das eleições presidenciais (2022), após a derrota do então Presidente da República, Jair Bolsonaro. Espaços públicos foram interditados, com a colocação de barreiras/mobiliários e com a montagem de acampamentos em frente a bases do Exército, com grande estrutura física, evidenciando o poder financeiro dos grupos. Caracterizada por práticas disciplinadoras que visam adequar os indivíduos aos modos “corretos” de se estar nos espaços públicos, Belo Horizonte tem sido palco de muitos conflitos urbanos. A partir dos dados registrados, sistematizados, classificados e produzidos pelo Observatório dos Conflitos Urbanos de Belo Horizonte (UFMG), desde 2006, é possível constatar que ações coletivas urbanas insurgentes costumam ser vistas como práticas insubordinadas, sendo alvo de repressão – sobretudo quando obstruem vias públicas, comprometendo o “funcionamento” da cidade. No caso das ocupações extremistas, o que se presenciou na cidade foram ações que interditaram avenidas, prejudicando o trânsito da população, o funcionamento de escolas, asilos e hospitais do entorno, durante mais de dois meses, sem sofrerem a usual coibição. Considerando que a dinâmica urbana é educativa ou deseducativa, civiliza ou embrutece, ampliando ou reduzindo direitos, cidadania e a própria democracia, o entendimento de educação urbana que se utiliza nas análises articula os conceitos de educação crítica de Freire (1967) – fundada na práxis, visando emancipação social – e de direito à cidade lefebvriano, que envolve práticas coletivas referentes à tomada de decisão sobre a cidade.

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