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A POLÍTICA DE CORDOFONES NUM ATLÂNTICO MUSICAL LUSÓFONO: QUESTIONANDO CONEXÕES E AUTONOMIAS

Alguns cordofones como a viola e o cavaquinho percorreram e espalharam-se por espaços lusófonos ao redor do Atlântico marcando uma presença visível em diferentes culturas e regiões desde, pelo menos, o século XVII. Em Portugal, nos arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde, e no Brasil, estes instrumentos circularam e deram origem a uma grande variedade de novas versões, com novos desenhos, materiais, afinações, técnicas, repertórios e conotações sociais, num processo contínuo que chega ao presente. Apesar das grandes distâncias geográficas que separam as comunidades que mantêm esse tipo de instrumentos em “ecossistemas musicais” autónomos, elas estiveram conectadas nalgum momento. Muitos registos históricos sobre a viola e o cavaquinho no Brasil vinculam-nos a classes populares ou a escravos e aos seus divertimentos (Vilela 2005) e as conexões com a música escrita são conhecidas em Portugal desde o século XVIII (Morais 2013). Actualmente estes cordofones conquistaram espaço na propaganda institucional local, sendo acarinhados pelo poder e ensinados nas escolas, dando origem a novos repertórios, artistas e luthiers, como são os casos das  violas  “beiroa”, “caipira”, “da terra”, e os cavaquinhos “brasileiro”, “minhoto” ou “cabo-verdiano”, o “rajão” para citar apenas alguns exemplos. Nesta comunicação examinam-se algumas questões globais de conexões musicais em comunidades lusófonas e a autonomia dos universos dos cordofones. Exploram-se casos específicos questões sensíveis como género, impacto do turismo, da transmissão de conhecimento da construção, e identidade. Todos os dados utilizados para esta apresentação foram recolhidos no âmbito do projeto de investigação Atlas – Atlântico Sensível.