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A IMIGRAÇÃO PANKARARU: PERFORMANCE E ARTE COMO TRADUÇÃO INTERCULTURAL NA CIDADE DE SÃO PAULO (BRASIL)

Há mais de 60 anos, os indígenas Pankararu migram de Pernambuco para a cidade de São Paulo e hoje somam mais de 2000 pessoas nessa cidade. Em 1994, fundaram uma associação como forma de reivindicar direitos, e nesse contexto, passaram a realizar performances da dança dos praiás, versão heterodoxa de uma dança ritual até então restrita às suas aldeias. Essa apresentação analisa a emergência dessa performance e o ingresso do praiá entre esses indígenas em São Paulo. Argumento que essa performance constitui-se enquanto uma tradução intercultural contra-hegemônica cuja intenção é dotar os Pankararu de capital simbólico nas arenas da cidade de São Paulo, nas quais um tipo específico de preconceito de autenticidade, que atualiza o projeto do poder tutelar, é evidente em pelo menos três categorias: assimilados, como preconceito fenotípico; aculturados, como preconceito lingüístico; e, desaldeados, como preconceito político-administrativo. Essa performance é um ato de tradução intercultural nas arenas de São Paulo onde o regime imagético hegemônico é paradigmaticamente o do museu. Esse regime constitui o campo semântico da etnicidade que promove uma determinada experiência da etnicidade para os Pankararu através do exercício de uma política cultural (performance).Argumento que o ato político e o ato ritual que gerenciam o ato performático formam um único e mesmo ato contra-hegemônico de tradução intercultural, cuja intenção é vencer a violência simbólica que tende a invisibilizar os Pankararu enquanto uma comunidade etnicamente diferenciada na cidade de São Paulo.