MULHERES E MEIO AMBIENTE: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA A PARTIR DA INTEGRAÇÃO DA DIMENSÃO GÊNERO À SUSTENTABILIDADE
Este trabalho propõe discutir a relação entre gênero e sustentabilidade, considerando a institucionalização dos debates sobre mulheres e meio ambiente. Entre 1970 e 1990, as ações voltadas à integração das mulheres ao desenvolvimento seguiram por duas vertentes. Uma com ênfase nos aspectos socioeconômicos; outra, com ênfase na inter-relação entre mulheres, meio ambiente e desenvolvimento econômico. Essa última passou a adotar a combinação dos termos Mulheres, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, após 1987. No início do século XXI, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) trouxeram apenas metas implícitas sobre a relação mulheres e meio ambiente. Nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em 2015, foram incluídas metas explícitas sobre a importância da igualdade de gênero nos ODS que tratam sobre agricultura sustentável, água potável, energia limpa e cidades sustentáveis, porém aparece ainda de maneira restrita no ODS que trata sobre mudanças climáticas. Ao observamos as crises ambientais ocorridas nas últimas cinco décadas é evidente que seus efeitos não são iguais para todos. Grupos vulneráveis, como o de meninas e mulheres, sofrem seus impactos de modo mais intenso. Portanto, ainda precisa haver maior inserção das mulheres nos debates públicos sobre meio ambiente, na implementação de ações para mitigação e adaptação às mudanças climáticas e na elaboração de uma interseccionalidade do debate de gênero e as dimensões da sustentabilidade. De modo que avancemos rumo a estratégias que não apenas pautem esse debate em suas agendas, mas que reconheçam e valorizem a capacidade de agente das mulheres