A defesa da “família tradicional” face à “desconstrução de valores” ganhou maior espaço em variadas mídias a partir da ascensão da extrema direita no Brasil. Damares Alves é uma das maiores propagadoras dessa associação, antes mesmo de estar à frente do Ministério da Mulher, Família e Direitos humanos, quando ainda exercia sua função de Pastora e assessorava o gabinete do senador Magno Malta. Neste texto proponho uma reflexão sobre as polêmicas instauradas acerca das manifestações de Damares Alves sobre livros e filmes “impróprios” para crianças, veiculadas no youtube entre 2016 e 2019. O período escolhido é estratégico, no sentido de pensar se, e como, uma ideia de família e de valores, mais concentradas em pregações nas igrejas neopentecostais em 2016, passaram a reger as políticas públicas propostas pelo Ministério a partir da eleição de Bolsonaro. Algumas perguntas se entrelaçam nesses discursos: Em que bases se constroe o significado de “família tradicional”?, termo recorrente nas falas de Damares e atravessado por questões de gênero, sexualidade, raça, entre outras. Como a ideia de “apropriado” e “inapropriado”, a partir das falas polêmicas da Ministra, foi debatida na produção de conteúdos on line de canais midiáticos institucionalizados, prestando particular atenção aos comentários a essa produção, que não só ganharam maior visibilidade com a popularização da Internet, mas também incitaram os sujeitos a se posicionar.