Sem escolaridade e sem trabalho: a reprodução social da pobreza de os Ciganos na cidade Porto
A pouca escolaridade dos Ciganos e ausência de qualificações profissionais impedem o acesso ao mercado de trabalho. Nesta comunicação comparamos resultados sobre a situação de pessoas ciganas na cidade do Porto em 2014 (Mendes, Magano e Candeias, 2014) e em 2019 (Magano e Mendes, 2019), tendo por base inquéritos por questionário realizados nesses anos, grupos focais e entrevistas a interlocutores privilegiados e representantes ciganos.Na cidade do Porto residem cerca de 23,3% dos ciganos portugueses. Em 2014, verificou-se que 22,5% não sabe ler nem escrever; 70% tem até o 3º ciclo e 7,5% tem o ensino secundário ou superior e as fontes de rendimento provêm do trabalho (17,5%), do Rendimento Social de Inserção (67,5%), de pensão ou reforma (5%) e a cargo da família (7,5%). Em 2019, cerca de 8% não sabe ler nem escrever; 14,1% não tem o 1º ciclo completo; 37% completou o Ensino Básico, porém, maioritariamente o 2º ciclo (até ao 6º ano) e só cerca de 11% o 3º ciclo; 2% completaram o Ensino Secundário e sem casos de Ensino Superior. Relativamente à principal fonte de rendimento, em 2019, provém do Rendimento Social de Inserção (41,4%), seguido do Abono de Família (31,8%), e 11,8% relativos a rendimentos provenientes do trabalho Magano e Mendes, 2019). As diferenças de resultados são pouco significativas, com tendência para o agravamento da situação escolar e de inserção no mercado de trabalho, visível nas gerações mais jovens que têm mais escolaridade do que as anteriores e é o que iremos aprofundar.