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Salud Publica, Religiosidad y Necropolítica: un análisis del discurso religioso ante la pandemia del coronavirus en Brasil

Líderes religiosos das principais denominações evangélicas do Brasil divulgaram, em abril de 2020, um vídeo em resposta ao chamado feito pelo presidente do país para que todos dedicassem um dia de jejum e oração pela nação. Poucos dias depois, milhares de visualizações e compartilhamentos em aplicativos de mensagens haviam disseminado a informação e os grupos religiosos do país estavam mobilizados para enfrentar a pandemia de coronavírus com “armas espirituais”. O próprio presidente participou da cerimônia e se permitiu ser gravado de joelhos e em oração pelo fim crise sanitária. Paralelamente, as decisões presidenciais desconsideravam as recomendações dos especialistas em Saúde Pública e ignoravam as vidas perdidas, sobretudo aquelas pertencentes aos segmentos sociais mais empobrecidos. Contrariando as recomendações da OMS e do próprio ministério da saúde, o presidente pediu em cadeia nacional de televisão que o país voltasse à normalidade e criticou o fechamento de escolas e comércio. Este trabalho se propõe a discutir este cenário político de combate à pandemia de coronavírus no Brasil, a partir da noção de necropolítica de Achille Mbembe. Nossa análise dará ênfase ao papel desempenhado pelos grupos religiosos – sobretudo evangélicos – na disseminação de formas de enfrentamento da pandemia. Consideramos ser fundamental tais contribuições para melhor compreensão da questão religiosa na América Latina e sua relação com a política. Não apenas por problematizar a interpretação binária dominador/dominado, mas também porque leva em conta os efeitos políticos e concretos deixados pelo colonialismo e os modos de manutenção da estrutura de dominação vigente.

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