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Narrativas de identidade nacional transpostas: o indígena em Macunaíma (1969) de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988)

Como reflexão sobre as formas de representação do indígena na produção audiovisual brasileira, esta comunicação tem o intuito de apresentar pontos cruciais do processo de transposição do enredo de uma obra amplamente conhecida da literatura modernista brasileira para o cinema. O livro Macunaíma (1928) de Mário de Andrade ganha uma nova interpretação através das lentes de Joaquim Pedro de Andrade (1969) no longa-metragem homônimo. O movimento do Cinema Novo e o contexto político ditatorial no Brasil, proporcionam um pano de fundo de tensão para pensar a representatividade e identidade nacional, a formação de uma memória coletiva e a crítica ao regime.Em um salto de 1922 a 1969, Joaquim Pedro de Andrade bebe das fontes modernistas e revisita o movimento antropofágico. Contudo, carecemo-nos de confrontar quais os limites dessa posição, compreender as mudanças e olhar de forma crítica o conjunto de símbolos, imagem e texto de uma herança nativa aclamada. Pretende-se, assim, responder a três questionamentos: a. Como o cineasta se apropria de elementos do romance modernista e cria sua própria narrativa sobre a identidade nacional baseada em uma imagem idealizada do indígena?; b. Quais os contrastes de sua narrativa em relação à de Mário de Andrade?; c. quais os impactos da interpretação cinemanovista na criação da imagem do indígena e sua conexão com uma visão colonialista durante a ditadura militar.