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Manuel Viegas Guerreiro, um antropólogo português junto das populações "Bóers" (Africâners) da África do Sul (1957-1960)

Manuel Viegas Guerreiro, linguística, etnólogo e antropólogo faz parte da plêiade de investigadores com formação generalista da primeira metade do século XX. Trabalhou em equipa com outros investigadores (Jorge Dias e Margot Dias) que se debruçaram tanto sobre as culturas humanas das aldeias portuguesas como dos países africanos de expressão portuguesa. Os territórios onde o Professor desenvolveu a sua investigação foram essencialmente Moçambique e Angola, cruzando-se, nos territórios da Namíbia e na África do Sul com as populações Bóers ou Africâners. Estes contactos resultaram não só em relatórios escritos juntamente com o diretor da Missão de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português (de 1957 a 1961), o antropólogo Jorge Dias, mas também em registos fotográficos de famílias inteiras, o que permite uma catalogação singular deste riquíssimo espólio guardado na Fundação Manuel Viegas Guerreiro situada na sua aldeia natal, Querença, no concelho de Loulé. Nesta comunicação pretendemos fazer uma análise dos excertos que, nos referidos relatórios, foram da responsabilidade de Manuel Viegas Guerreiro, comparando-os com a informação que as fotografias nos permitem recolher, de modo a conseguirmos uma leitura antropológica, social e histórica destas populações que acabaram por apresentar um percurso singular na história de África, inscrustados entre cenários de seca e de miséria, caminhando muitas vezes sobre terras que mais tarde lhes forneceram, das suas entranhas, os diamantes que os tornaram poderosos na política de apartheid e na economia de parte da África subsariana.