Improvisos e transformações da festa - uma aproximação da “desgarrada” em novos lugares
Um trabalho de campo corrente, memórias pessoais, documentos antigos e algumas referências da literatura internacional sustentam a interrogação da festa e das suas transformações num contexto regional, que proponho neste painel. Tomo por referência vários contextos locais do Minho e as respectivas romarias, que voltei a frequentar nos últimos anos, agora muito interessado num tipo de performances poéticas, cantadas de improviso com acompanhamento musical, lá ditas “desgarradas” ou “cantar ao desafio”. Sou familiar desde há muito com estas performances, muito habituais nas romarias, mas que até ao fim do século passado eram sempre pouco conspícuas, censuradas na sua expressão, acontecendo em momentos tardios e espaços marginais da topologia festiva. Isto foi algo que mudou desde o início dos anos 90 do século passado, quando começou a alterar-se o estatuto das desgarradas e dos seus intérpretes. Ultimamente, o “cantar ao desafio” tem-se transformado em termos performativos, ocupa momentos e espaços centrais nas romarias, e é muito investido nas políticas culturais da região. São as razões destas mudanças tão notórias que quero interrogar, propondo comparação com outros trabalhos especializados.