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Festas de Mouros e Cristãos: da evocação de uma memória comum ao mercado patrimonial do séc. XXI

A memória da presença moura na península ibérica materializa-se sob diferentes formas: construções, técnicas, vocabulário, expressões, e também na afirmação da identidade cristã materializada na reconquista que culminou já no final do século XV. As batalhas que tiveram lugar durante esse período estão na génese de personagens heroicas e lendas que glorificam e exacerbam os seus feitos míticos recriados pelas comunidades, emulando o arquétipo inicial.Atualmente, regista-se ainda em vários locais a celebração do confronto entre cristãos e mouros, não só na Europa, mas também na América do Sul, contribuindo decisivamente para a afirmação das identidades locais, mas também para a promoção turística dos territórios onde têm lugar estas recriações. No Brasil ocorrem um pouco por todo o território, com destaque para a Bahia e região nordestina, assumindo proporções gigantescas ao nível de figurantes e assistentes. Na sua maioria gozam de um reconhecimento oficial como Património Imaterial que pode ir do nível municipal ao nacional. Já em Espanha, é na região do Levante que se concentram as recriações mais importantes, participadas e ancestrais. O seu reconhecimento, sob o nível de Interesse Turístico, vai do local ao internacional. Em Portugal, a Bugiada e Mouriscada de Sobrado é aquela que conta com um maior número de participantes e assistentes sendo reconhecida como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal.Partindo da representação popular assente na memória coletiva e participação comunitária, aborda-se a glocalização e os processos de ressignificação que norteiam a vitalidade destas recriações como importante recurso patrimonial e turístico das comunidades.