Entre a religião e a secularização: exemplos de peregrinações no Norte interior de Portugal
As peregrinações inseridas no turismo religioso (Abumanssur, 2003), são entendidas como uma manifestação de fé e uma deslocação a um local sagrado no qual se situa um templo ou um santuário. Esta deslocação, normalmente, é realizada a pé, de forma individual ou em grupo.Nos últimos anos, inúmeras peregrinações existentes no Norte interior de Portugal têm sido recuperadas e revitalizadas, como são exemplo os Caminhos de Santiago e a Romaria da Senhora da Graça, em Mondim de Basto, entre outras. Neste sentido, este trabalho visa identificar algumas destas peregrinações e analisá-las à luz de um fenómeno pós-secular, onde surgem novas motivações e novas perceções nas deslocações a um lugar sagrado, tal como as motivações culturais, espirituais, desportivas, onde ao mesmo tempo permanecem as motivações religiosas. Conforme irá ser demonstrado, estas peregrinações acabam por assentar no progressivo abandono da imagem sagrada tradicional (Cohen, 1979: 182), acabando por ocorrer uma conciliação das motivações tradicionais e modernas (Urry, 2007).A metodologia utilizada consistiu fundamentalmente no trabalho de campo antropológico como eixo central da pesquisa, privilegiando a observação participante, que permitiu acompanhar e analisar as peregrinações.É possível concluir que estas peregrinações contemporâneas assentam no despertar do interesse pela cultura; da vida social, nomeadamente o convívio; pelo lazer e pelo ambiente natural.