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As vozes e os ecos da patrimonialização: o caso do S. João de Sobrado

Em torno da ideia de património gerou-se uma convergência de interesses que tende a ser interpretada como expressão de um consenso que é mais aparente que real. Os interesses que referimos envolvem diferentes agentes – tanto promotores turísticos como políticos locais, tanto investigadores enquadrados academicamente como amadores autodidatas implicados nas singularidades locais – ao mesmo tempo que remetem para diferentes entendimentos do que significa e do que representa o património. Esses entendimentos podem ser balizados numa linha contínua mas difusa que vai desde a sua redução a um recurso de elevada potenciação económica até à exponenciação deslumbrada e acrítica que vê no património a expressão de uma autenticidade que importa preservar dentro de uma redoma. Se é certo que entre estes dois extremos são percetíveis inúmeros matizes, tal não impede a prevalência e a valorização de uma ideia de consenso, sendo justamente sobre essa ideia que nos propomos olhar criticamente. Naturalmente que a focalização num processo concreto de patrimonialização não consente apreciações gerais, mas permite-nos, ainda assim, perceber algumas das dinâmicas, quer cooperativas quem conflituantes, que enformam a intenção e a prática de patrimonializar. Nesta comunicação centrar-nos-emos, portanto, num caso concreto e num processo ainda em curso, o São João de Sobrado, também designado por Bugiada e Mouriscada, sem qualquer ambição conclusiva, procurando apenas lançar bases para um exercício etnográfico futuro que tome por base os atos de patrimonialização e os procedimentos dos atores que a promovem.

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